O que muda com a ponte entre Penedo e Neópolis? Descubra os prós e contras
- 29 de abr.
- 3 min de leitura
Por Fabrício Vasconcelos
Turismólogo

A construção da tão aguardada ponte ligando Penedo-AL a Neópolis-SE é um dos assuntos mais comentados da região do Baixo São Francisco. A proposta, que promete integrar ainda mais os estados de Alagoas e Sergipe, carrega em si grandes expectativas, mas também provoca reflexões importantes para o futuro da cultura, da economia e do turismo locais.

Atualmente, a travessia do rio é feita por balsas e lanchas. Para muitos, essa travessia é uma experiência agradável, um momento de contemplação do Rio São Francisco e de suas paisagens deslumbrantes. Para outros, porém, especialmente aqueles que têm receio de água ou de embarcações, a travessia é um verdadeiro pesadelo, motivo pelo qual muitos evitam até visitar a região.

Além disso, o custo da balsa é considerado elevado, o que gera muitas reclamações, principalmente entre os usuários frequentes que dependem da travessia para trabalhar, estudar ou comercializar produtos. Somam-se a isso as longas filas nos períodos de maior movimento e os transtornos quando há falhas no sistema de transporte.
Por outro lado, essa espera gera uma dinâmica interessante: enquanto motoristas aguardam para atravessar, há um movimento natural de consumo nos pequenos estabelecimentos situados nas proximidades da travessia. Em Penedo, especialmente, muitos aproveitam para conhecer rapidamente o centro histórico, consumir nos comércios locais e, em muitos casos, até agendar visitas futuras para um passeio mais completo. Isso impulsiona, ainda que de forma indireta, a economia da cidade.

Neópolis, embora rica em história e tradição, tem uma oferta comercial mais limitada em comparação com Penedo, o que evidencia a necessidade de um olhar mais estratégico sobre as oportunidades que se abrirão com a construção da ponte.

Com a ponte em funcionamento, o deslocamento será muito mais rápido e seguro, eliminando boa parte dos problemas atuais. Isso favorecerá não apenas o fluxo de turistas e visitantes, mas também abrirá espaço para a criação de novas linhas interestaduais, empreendimentos de lazer, hospedagem e gastronomia. A frequência de sergipanos em Penedo, que já é significativa mesmo com os empecilhos atuais, deverá aumentar ainda mais, especialmente nas opções noturnas de lazer, exigindo que os estabelecimentos se preparem para atender essa demanda crescente.

Em contrapartida, Neópolis também será impactada positivamente, sobretudo durante eventos tradicionais como o Carnaval, quando a cidade se transforma na "Capital Sergipana do Frevo". Com a facilidade de acesso proporcionada pela ponte, o número de foliões e visitantes tende a crescer substancialmente, exigindo investimentos em infraestrutura, segurança e hospitalidade.
Contudo, há preocupações importantes que precisam ser discutidas. A ponte será construída em áreas afastadas tanto do centro de Penedo quanto de Neópolis, o que poderá gerar um fenômeno de passagem direta, sem que os viajantes necessariamente parem para consumir, explorar ou se hospedar nas cidades. Será necessário investir em estratégias que atraiam e incentivem a permanência dos visitantes.

Outro ponto que merece atenção é a experiência histórica vivida com a ponte entre Propriá-SE e Porto Real do Colégio-AL. Quando construída, havia grande expectativa de que ela impulsionaria o desenvolvimento dessas cidades. Entretanto, o que se observou foi o contrário: houve um esvaziamento econômico e social, e muitos apontam que a economia local era mais forte antes da construção da ponte. Este é um alerta importante para que não se repitam os mesmos erros, e que Penedo e Neópolis se preparem de forma planejada para absorver e transformar positivamente as mudanças que virão.

A construção da ponte trará, ainda, impactos sobre destinos como a Praia do Peba em Piaçabuçu-AL. Já bastante frequentada por excursões sergipanas, a expectativa é que o fluxo de visitantes aumente ainda mais, dado que o litoral sergipano apresenta limitações na oferta de praias estruturadas. Portanto, é uma oportunidade e um desafio para a gestão turística e ambiental da região.

Em resumo, a ponte entre Penedo e Neópolis é, sem dúvida, uma promessa de progresso e integração. Porém, para que seus benefícios sejam realmente aproveitados, será fundamental que tanto o poder público quanto a iniciativa privada atuem de forma estratégica e responsável, buscando o equilíbrio entre crescimento econômico, preservação cultural e sustentabilidade ambiental.










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